sexta-feira, 26 de março de 2010

Apenas Dormindo

“When I wake up early in the morning, Lift my head, I’m still yawning (…)
Please don’t wake me, no, don’t shake me, Leave where I am, I’m only sleeping "
“Quando acordo de manhã cedo, Levando minha cabeça, ainda estou bocejando (...)
Por favor, não me acorde, não, não me sacuda, Deixe-me onde estou, eu estou apenas dormindo”

Dedico esta minha coluna aos leitores que se identificaram com esses versos, retirados da música I’m Only Sleeping, cujo tema está relacionado ao da minha coluna. Não sei se já é óbvio, mas falarei sobre o sono, sobe acordar cedo. Meu foco é em uma faixa etária: os adolescentes. Grande parte destes acorda cedo quase todos os dias para ir para a escola. Na maioria dos casos, com muita dificuldade, já que, afinal, nós jovens não costumamos dormir muito cedo. Isso afeta gravemente o desempenho dos alunos nas aulas devido à redução do sono da noite.

O porquê dos adolescentes não dormirem mais cedo é algo que a maioria de nossas escolas não entende por encarar a coisa de forma puramente cultural, como se a culpa dos estudantes matutinos chegarem sonolentos na escola fosse deles mesmos, por serem irresponsáveis nos horários ou preguiçosos. Isso é errôneo e incompleto: precisamos recorrer a uma visão mais científica.

Todos nós temos um relógio biológico, no qual está o ciclo diário das atividades do nosso organismo, entre os quais está dormir e acordar. Quando somos bebês esse relógio é instável, mas se estabiliza na infância. As crianças costumam dormir cedo, de 9 a 10 da noite, e acordar cedo, de 6 a 7 da manhã (claro que isso não é regra geral). Mas quando chega a puberdade, a história muda: os hormônios alteram nosso ciclo metabólico, atrasando nosso relógio biológico. Passamos assim a dormir mais tarde, comumente entre meia-noite e 3 da manhã, e também acordamos mais tarde: só estamos totalmente dispostos lá pelas 11 h. Nessas condições acordar cedo parece loucura. Muitos adolescentes, porém, têm aulas às 7 h da manhã.

É por isso que muitos alunos buscam refúgio no sono da tarde, mas até isso lhes é negado quando chega o convênio, no qual podemos dizer que as horas de sono são tomadas por horas na sala de aula. Mas como, nesse sentido, o aproveitamento diminui, o aumento da carga horária chega a ser paradoxal. As escolas parecem não perceber que ferir o relógio biológico diminui o rendimento. Se elas adequassem mais seus horários às necessidades de sono dos adolescentes, de forma a mantê-los mais dispostos, talvez, eles pudessem ser menores (sobraria mais tempo para os alunos estudarem).

Até agora fui restrito apenas à sonolência e a baixa no rendimento escolar ligadas à privação de sono. Dormir pouco e/ou de forma fragmentada traz problemas a longo prazo, dentre os quais podem estar diabetes e depressão. É claro que não espero que as escolas adotem como horário 10 ou 11 da manhã, dada a dificuldade em se fazer isso. Mas há casos para os quais devemos atentar, como o de uma escola que mudou seu horário de entrada para 8h45min e teve ótimos resultados.

A todos que chegaram até aqui, espero que tenham tirado proveito das palavras. Se não, ao menos que tenham um bom dia e, principalmente, uma Boa Noite.

terça-feira, 23 de março de 2010

Por que uma garrafa de vidro com bebida estoura no congelador?

Pegue um objeto qualquer e perceba que ele possui massa e volume. A massa só depende, basicamente, do tipo matéria constituinte e da sua quantidade. Já no volume também haverá interferência das interações e dos movimentos das moléculas. E são esses fatores que considerados quando falamos em estado físico e em temperatura. No que se refere ao estado físico, o volume aumenta conforme o estado muda na direção dos gases, onde as moléculas estão mais afastadas. Já quanto à temperatura, devemos ter em mente que mede o grau de agitação das moléculas. Então, quanto maior for ela, mais afastadas estarão as moléculas e assim maior será o volume. De um modo geral, portanto, o acréscimo de calor a um corpo ocasionará aumento no seu volume, o que chamaremos de dilatação térmica.

Acontece que a água tem uma “anomalia” na sua dilatação. Se você botar água da torneira para ferver, não irá percebê-la, pois a água quente realmente terá maior volume. Mas algo interessante acontece em temperaturas mais baixas. É que durante a solidificação, a água passa por um processo de cristalização, o qual cria um espaço maior entre as moléculas, provocando um aumento de volume. Os efeitos disso já são percebidos na água líquida: se resfriarmos um pouco desta até 4°C, ocorrerá redução no volume. A partir daí o efeito da cristalização provocará uma dilatação até um brusco aumento do volume quando se formar o gelo, a 0°C. No caso da garrafa, o resfriamento no congelador causará uma contração no vidro e uma dilatação na bebida (composta principalmente por água) que se congela podendo chegar a um ponto em que o conteúdo não caberá mais na garrafa, a qual se quebrará.


Convém destacar que esta peculiaridade da água faz com que a densidade do gelo seja menor do que a da água líquida, devido à brusca dilatação durante a cristalização. Dessa forma, o gelo flutua na água, como, por exemplo, ocorre em alguns lagos, onde o gelo se forma a partir da superfície, o que possibilita a vida aquática durante o inverno.

O que são as brisas marítimas e terrestres?

De dia, a temperatura aumenta devido à absorção dos raios solares, e à noite, ela diminui devido à perda de energia para o espaço. Pelo que vimos acima, devemos esperar que os materiais de maior calor específico esquentem e esfriem menos do que os de menor. Um exemplo disso são as praias: enquanto o calor específico da água é alto, o da areia é baixo. De dia, veremos então que a areia ficará com uma temperatura maior que a da água (Quem já experimentou andar descalço na areia sabe disso!). Devemos esperar então que o ar acima da areia fique mais quente do que o acima da água. Por convecção, o ar mais quente subirá e será ocupado pelo mais frio, vindo do mar. Essa corrente de ar formada do mar para a terra é chamada de brisa marítima. O contrário acontece à noite: a areia esfria mais e, portanto o ar em cima dela do que em cima da água. Isso fará com que o ar acima da água suba e venha no lugar o ar mais frio da terra. Essa corrente de ar, agora, da terra para o mar recebe o nome de brisa terrestre. Simplificadamente, se estivermos de dia nas areias da praia, sentiremos um vento frio vindo da água e à noite sentiremos um vento frio vindo da praia se estivermos na água (o que eu não aconselho!;).

terça-feira, 2 de março de 2010

Por que esfriamos os metais quentes com água?

Se você já viu filmes de Idade Média, deve ter reparado que o ferreiro põe uma espada de temperatura altíssima numa bacia com água a uma temperatura próxima à ambiente, e depois de um tempo o sistema inteiro vai estar numa temperatura mais próxima à inicial da água do que do ferro. Há mais de um causador disso: primeiramente, parte da água irá vaporizar e, ao fazê-lo, “roubará” calor do sistema. Mas quando a água permanece no mesmo estado físico? É aí que temos de considerar a capacidade térmica, que é o tanto de calor que um corpo ganha ou perde para mudar sua temperatura em 1 grau.

Essa capacidade depende da massa: repare que o ferreiro obteve melhores resultados com mais água, já que para esquentar a água ia precisar “roubar” mais calor do ferro. Porém, mesmo se tivéssemos a mesma massa de água e ferro, ainda assim o ferro iria sofrer uma maior redução de temperatura que o aumento da água. Isso se deve à capacidade térmica depender também do calor específico, que considera a capacidade de cada grama. Essa grandeza só depende da natureza do material: é maior na água do que no ferro e nos metais em geral. Por isso, para uma mesma massa teremos uma capacidade térmica maior na água, o que ocasiona o fenômeno descrito acima. Dizemos então que a água, por ter alto calor específico, precisa de muito calor para variar de temperatura, o que faz dela um ótimo regulador térmico. O resfriamento dos metais quentes é só um caso particular dessa regulação.