Através da luz que nossos olhos captam, podemos formar uma imagem do mundo visível, conhecendo a cor e o brilho dos objetos. Muitas vezes não nos damos conta, porém, que esta imagem está muito mais relacionada ao nosso cérebro do que à realidade propriamente dita.
Em primeiro lugar, nosso sistema nervoso desenvolveu mecanismos para corrigir as imprecisões de nosso sistema visual. A imagem captada por cada um dos olhos, por exemplo, é invertida, bidimensional e com um ponto cego. É o cérebro o responsável por formar uma imagem direita, completa e 3D. Quando existe algo que os olhos não conseguem discernir de forma perfeita, o córtex cerebral dá um jeito de preencher o vácuo. Aí está a explicação para a maioria das ilusões de óptica.
Existe, porém, outro ponto, talvez mais relevante: só somos capazes de enxergar uma pequena porção da luz existente na natureza. Isto porque a luz consiste numa onda eletromagnética, e, portanto, possui frequência. Os diferentes valores de frequência das ondas eletromagnéticas formam o espectro eletromagnético, sendo a pequena a faixa de valores para a luz visível, os quais determinam sua cor. Em ordem crescente de frequência, temos: vermelho, laranja, amarelo, verde, azul, anil e violeta. São as sete cores discerníveis em um arco-íris ou na refração de um prisma, originadas da decomposição da luz branca.
Sendo a maior parte do espectro eletromagnético invisível, o que vemos é uma imagem muito limitada da realidade. O biólogo britânico Richard Dawkins chama isso de “a maior de todas as burcas”, de extensão quilométrica e uma fenda ínfima para os olhos. Segundo ele, o desenvolvimento da ciência e da tecnologia tem sido fundamental para alargar essa fenda, nos permitindo captar radiações fora da faixa visível. Um exemplo são os radiotelescópios, os quais nos permitem “enxergar” através de nuvens de gás interestelar. Os telescópios, porém, talvez sejam assuntos de outra postagem...